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Carnaval: do Rio Nilo ao Rio de Janeiro

Carnaval: do Rio Nilo ao Rio de Janeiro

Celebração surgiu antes do nascimento de Cristo e tem influência de várias festas e cultos pagãos.

Os primeiros registros do que mais tarde se chamaria carnaval vêm dos cultos agrários, 4000 anos a.C., quando os egípcios celebravam o início da primavera e o término das enchentes no Rio Nilo com danças e cânticos para espantar as “forças negativas” que prejudicavam o plantio.

Outro ritual atribuído ao Egito antigo é em homenagem ao deus Ápis, simbolizado pelo boi. Sacerdotes, magistrados, homens, mulheres e crianças, fantasiados grotescamente, seguiam em procissão  atrás de um boi que era afogado no Rio Nilo. A celebração tinha danças, cantos e promiscuidade.

Mas a “oficialização” do carnaval veio com as festas ao deus Dionísio, durante o reinado de Pisistrato na Grécia, de 605 a 527 a.C.
Pisistrato, além de incentivar o culto a Dionísio, organizou as procissões dionisíadas. Nessas procissões, a imagem de Dionísio era transportada em embarcações com rodas (carrum navalis), puxadas por sátiros (semideuses que segundo os pagãos tinham pés e pernas de bode e habitavam as florestas) com homens e mulheres nus, em seu interior.

Seguindo o cortejo, uma multidão de mascarados, meio a um touro, que depois seria sacrificado, percorria as ruas de Atenas em frenéticas passeatas de júbilo e alegria.

ROMA

Em Roma, o mesmo deus recebia o nome de Baco. O “bacanal” ou “bacchanalia” era o festival romano que celebrava os três dias de cada ano em honra a Baco, entidade do vinho e da “alegria”. Bebedices e orgias sexuais e outros excessos caracterizavam essa comemoração.
Outra origem do carnaval também é atribuída à Roma. Todos os anos, festas homenageavam Saturno, deus da agricultura dos romanos. Eram as “saturnálias”, onde acontecia uma aparente quebra de hierarquia da sociedade, já que escravos, filósofos e tribunos se misturavam em praça pública.

A IGREJA

No início, a Igreja Católica Apostólica Romana não aceitou o carnaval. Mas, no século 15, o Papa Paulo II introduziu o baile de máscaras, quando permitiu que em frente ao seu palácio, na Via Lata, se realizasse o carnaval romano. Como a Igreja proibira as manifestações sexuais no festejo, novas manifestações adquiriram forma: corridas, desfiles, fantasias, deboche e morbidez.

Desde 590 d.C a igreja adotou oficialmente a festa. A chamada “Quarta-feira de Cinzas” dá início à quaresma onde há jejum e abstinência à carne vermelha, ovos, sexo e diversão em geral, como forma de expiação dos pecados.

NO BRASIL

No Brasil, o início dos festejos foi o Entrudo, que chegou com os portugueses. Consistia em uma “guerra” de excrementos, talco e ovos jogados do alto das casas ou nas praças. Outra brincadeira dos farristas era agarrar um desafortunado qualquer, tirar suas roupas, dar um banho frio e devolvê-lo à rua. Assim eram os festejos na Bahia e no Rio de Janeiro, em fevereiro do século XIX.
A festa impregnou de tamanha maneira a cultura brasileira que, originalmente “o ano só começa depois do carnaval”. A imagem de “paraíso sexual” também é vendida nas agências de turismo de outros países, devido as mulheres nuas que desfilam e aos bailes, nos quais tudo é permitido.

É no carnaval também que ocorre o maior índice de contágio por doenças sexualmente transmissíveis (DST) – como a Aids  além de mortes no trânsito por embriaguez.

Na Bíblia é possível encontrar inúmeras passagens condenando as “diversões” do carnaval, mas a que está em Gálatas 5.13,24, basta para deixar claro nossa posição enquanto cristão sobre participar ou não desta festa: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade par dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor. Os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.”

A ORIGEM DO NOME

Assim como a origem do carnaval, as raízes do termo também têm se constituído em objeto de discussão. Para uns, o vocábulo advém da expressão latina “carrum novalis” (carro naval), uma espécie de carro alegórico em forma de barco, com o qual os romanos inauguravam suas comemorações. Apesar de ser foneticamente aceitável, a expressão é refutada por diversos pesquisadores, sob a alegação de que esta não possui fundamento histórico.

Para outros, a palavra seria derivada da expressão do latim “carnem levare”, modificada depois para “carne, vale !” (adeus, carne!), palavra originada entre os séculos XI e XII que designava a quarta-feira de cinzas e anunciava a supressão da carne devido à Quaresma.

José Granado