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Eleições: a posição da Igreja Nova Aliança

Eleições: a posição da Igreja Nova Aliança

O voto é pessoal e pertence exclusivamente ao eleitor.

Visão e procedimentos adotados pela Igreja
Nova Aliança de Londrina em relação à política

por Davi de Sousa, pastor líder da Igreja Nova Aliança de Londrina

O Envolvimento da Igreja no processo político do nosso país
Sempre que as eleições se aproximam, os pastores da Igreja Nova Aliança são procurados por vários candidatos, sejam eles membros da Igreja ou não, com a intenção de obterem algum espaço perante a Igreja, a fim de divulgarem seus nomes e propostas de governo.

Como a Igreja Nova Aliança tem crescido e adquirido relevante expressão em nossa cidade, é importante que a nossa postura quanto à política seja clara, para evitar mal-entendidos.

Num país como o Brasil, em que o governo é estabelecido pelo regime democrático, todo cidadão é agraciado pela Constituição Federal com o Direito Político, que concede a todos igualdade para pleitear cargos eletivos, votar e ser votado.

No regime democrático, todos os cidadãos maduros têm o direito e o dever de participar do processo político através do voto, que define, de tempos em tempos, quem serão os seus governantes.

“Democracia” é uma palavra originalmente grega, e significa literalmente: Governo por meio da maioria do povo (“Demo: Povo”  e “kracia: Governo”). A tradição democrática estabelece que todos os cidadãos possuem os mesmos direitos e devem ser tratados da mesma maneira.

Estabelece também que todo cidadão tem o direito de expor em público seus interesses e suas opiniões, vê-los debatidos pelos demais e aprovados ou rejeitados pela maioria, devendo acatar a decisão tomada publicamente.

A omissão da Igreja quanto ao processo democrático implica na falta de responsabilidade cívica para com a nação. Por outro lado, sua participação não pode transformar- se em “barganha” baseada em acertos, acordos e composições de interesses que, geralmente, ocorrem nos bastidores, em épocas de campanhas eleitorais.

É lamentável, mas, em anos eletivos, muitas igrejas se corrompem, perdendo de vista o seu objetivo principal que é Servir a Deus. Ao contrário disso, deixam-se levar pela política, envolvendo-se e comprometendo-se vergonhosamente.

São pastores e líderes eclesiais que literalmente “vendem” o direito do cidadão por migalhas e chegam ao cúmulo do absurdo de abrir espaço em seus púlpitos para pessoas ímpias, para que exponham suas plataformas de governo mentirosas e enganadoras, com fins apenas eleitoreiros.

Considerando o fato de que cada vez mais os evangélicos têm se tornado um dos mais expressivos segmentos da população brasileira – segundo o Censo de 2000, o número de eleitores já chegava, naquele ano a 18,9 milhões de pessoas, ou seja, 15,4% dos 126 milhões de eleitores. Por isso é imprescindível que a Igreja adote posturas éticas condizentes com os valores da Palavra de Deus.

Pontos fundamentais sobre o uso do voto de maneira ética

  1. O voto é intransferível e inegociável, pois é através dele que cada cristão expressa sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que o cristão tem de seu país, estado e município;
  2. O cristão não deve violar a sua consciência política e jamais negar sua maneira de ver a realidade social do seu país, estado e município;
  3. Os pastores e líderes têm a responsabilidade de orientar os fiéis sobre como votar com ética e discernimento, porém jamais devem transformar o processo de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário;
  4. Os pastores e líderes devem ser coerentes e democráticos. Melhor do que indicar em quem a comunidade deve votar é organizar debates multipartidários, nos quais, simultânea ou alternadamente, representantes das correntes partidárias possam ser ouvidos sem preconceitos;
  5. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil impõe que não sejam conduzidos processos de apoio a candidatos ou partidos específicos dentro da igreja, sob pena de dividir a comunidade e de constranger os eleitores, o que é criminoso.
  6. A Igreja deve sempre evitar tomar posições político-partidárias, porque cristãos que pensam soluções diferentes para os problemas sociais e políticos da nossa cidade e nação, desde que não contrariem os princípios da Palavra de Deus, podem e devem, conviver e adorar juntos.
  7. Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e comprometidos com as causas de justiça e da verdade encontradas na Palavra de Deus.
  8. É fundamental constatar que o candidato evangélico queira se eleger para propósitos maiores do que apenas defender os interesses imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica. É óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela dimensão político-institucional. Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses restritos às causas temporais da igreja. Um político de fé evangélica tem que ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um “despachante” de igrejas. Ao defender os direitos universais do homem e a democracia, o cristão estará defendendo a própria Igreja.
  9. Os fins nunca podem justificar os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais votar de determinada maneira porque obteve a promessa de que, assim fazendo, conseguiria alguns benefícios pessoais ou para a igreja.
  10. Apesar de que todos tenhamos que concordar com o fato de que nos bastidores da política haja acordos e composições de interesses, não se pode, entretanto, admitir que tais “acertos” impliquem na corrupção da consciência cristã, mesmo que a “recompensa” seja, aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica. Jesus Cristo não aceitou ganhar os “reinos deste mundo” por quaisquer meios, Ele preferiu o caminho da cruz.
  11. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: “o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto”, é compreensível que dê um “voto de confiança” a esse irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. Entretanto, é preciso considerar que ninguém atua sozinho e que, portanto os votos devem basear-se, em programas de governo e no conjunto das forças partidárias por detrás dos candidatos. Por melhor que seja o irmão em questão, ele dificilmente transcenderá a agremiação política de que é membro, ou as forças políticas que o apóiem.
  12. No nosso entendimento um pastor ou líder espiritual de uma igreja que decide ingressar na política precisa definir com clareza que carreira irá seguir, sendo assim coerente com o seu chamado e vocação. Jamais ele utilizar o púlpito ou a influência de sua liderança espiritual para alcançar cargos públicos ou obter vantagens eleitoreiras.

Perguntas freqüentemente feitas pelos candidatos aos pastores

O presbitério da Igreja reuniu as principais dúvidas e perguntas feitas pelos candidatos e as respondeu para esclarecer como será o nosso procedimento nos períodos que antecedem as eleições, sejam elas de âmbito municipal, estadual ou federal.

1) A Igreja Nova Aliança assumirá um compromisso formal com algum candidato específico, ou seja, haverá um apoio “fechado” para algum candidato ao pleito público?

A Igreja Nova Aliança, em hipótese alguma assumirá um compromisso de apoio formal e mobilização do povo em prol de um candidato específico. Ao contrário, entendemos que o papel da Igreja é ensinar os seus membros a exercer o seu direito e dever de cidadania com maturidade, analisando a conduta pregressa de cada candidato e avaliando e julgando os valores, posturas e propostas de cada um à luz dos princípios e da ética estabelecidos na palavra de Deus.

Assim cada pessoa assumirá a responsabilidade de escolher em quem votará e depois, de supervisionar a vida e a conduta pública dos eleitos.

Portanto, qualquer candidato que utilizar indevidamente o nome da Igreja Nova Aliança ou mesmo dos pastores para tirar algum proveito ou obter vantagens perante os membros da Igreja ou da sociedade, o fará sem o nosso consentimento, podendo responder por isso.

2) Haverá algum tipo de ajuda ou cooperação por parte dos pastores para que a Igreja conheça os candidatos que são membros da Igreja que concorrem a cargos públicos eletivos?

Muitas pessoas da Igreja acabam apoiando outros candidatos, alguns que nem são cristãos e que, por isso mesmo, não possuem qualquer compromisso moral com os valores da palavra de Deus, simplesmente por desconhecerem a candidatura de membros da Igreja. Por causa disso, entendemos ser necessário proporcionar um espaço onde esses candidatos, que são membros da Igreja, se tornem conhecidos dos demais.

Porém, é preciso lembrar que um membro da Igreja Nova Aliança é aquele que completou a Classe de Integração, foi apresentado perante a Igreja e participa semanal e assiduamente de uma das reuniões de Celebração e de uma Célula, e que portanto, esteja sendo efetivamente pastoreado por essa Casa.

A fim de proporcionar a oportunidade dos membros conhecerem esses candidatos, a Igreja Nova Aliança cooperará da seguinte forma:

• Será agendado, apenas para os candidatos que sejam membros da Igreja, um culto público em que todos eles serão apresentados pelo presbitério diante do povo. O objetivo será orar pelos candidatos e orientar os membros da Igreja a conhecerem os candidatos e decidir se desejam ou não votar em algum deles. 

É importante salientar que nessa ocasião os candidatos não farão uso da palavra diante da Igreja nem poderão divulgar seus materiais dentro do espaço da mesma.

• Será agendada também uma apresentação pública dos candidatos membros a toda a liderança da Igreja, em uma das reuniões mensais pré-agendadas, quando os candidatos novamente receberão a oração do presbitério. 

Nessa reunião, haverá a disponibilização de uma lista para que cada Líder, a seu critério, coloque ou não suas informações pessoais (nome, telefone, e-mail, etc.) para que cada candidato possa entrar em contato a fim de divulgar suas propostas. Entendemos que assim ninguém se sentirá constrangido a participar de uma reunião em que não gostaria de estar.

• É importante salientar mais uma vez que o fato de convocarmos tais pessoas diante da Igreja e da liderança não significa que estaremos assumindo um compromisso com qualquer um deles. O intuito é orar para que a vontade de Deus se cumpra nas eleições e também para abençoá-los a fim de que ajam nas eleições como pessoas que temem a Deus e, portanto, terão de prestar contas a Ele. 

3) A igreja fará alguma divulgação dos nomes e propostas desses candidatos em suas publicações internas (ex: Jornal mensal, circulares, Lâminas etc.)?

A igreja não fará divulgação alguma de material eleitoral de nenhum candidato. Cada qual deverá divulgar seu trabalho por meio de panfletos, cartazes, folders, etc., através do círculo de relacionamentos que possui dentro da Comunidade, desde que fora das dependências oficiais da Igreja (templos, estacionamentos, chácara etc.).

4) As Células poderão ser usadas para divulgação dos materiais de cada candidato?

Em hipótese alguma, pois entendemos que as Células são uma extensão da própria Igreja e que com certeza tal ato provocaria constrangimento em algumas pessoas. Porém os candidatos poderão divulgar os seus materiais aos seus irmãos e amigos da Célula em outro local e momento mais apropriados.

5) Os candidatos podem utilizar outros lugares fora das dependências da Igreja a fim de convidarem membros da Igreja para reuniões e/ou eventos e assim divulgar suas propostas?

É claro que sim, desde que o evento seja promovido em lugar neutro e que as pessoas convidadas tenham conhecimento prévio sobre o que acontecerá na reunião, podendo decidir espontaneamente se desejam ou não participar.

6) Há algum fator que poderá interferir no tratamento da Igreja com relação aos candidatos, mesmo que sejam membros da Igreja?

Se houver um conhecimento prévio sobre informações concretas que comprometam o testemunho cristão e o caráter de um ou mais candidatos, o presbitério se reservará no direito de não apresentá-lo(s) diante da Igreja com os demais.

Por exemplo: conduta pessoal que comprometa o testemunho cristão perante a sociedade, propostas que estejam aquém dos valores cristãos que prezamos, conduta ética reprovável, etc.

7) Os candidatos que estiverem em campanha poderão estar envolvidos ou mesmo participando de algum ministério ou cargo na Igreja? E alguém ligado a ele(a), como cônjuge, filhos etc.?

Assim como a lei determina que os servidores públicos que concorrem ao pleito devem ausentar-se de suas funções alguns meses antes das eleições, entendemos ser prudente e necessário o afastamento dos candidatos das funções ministeriais na Igreja, principalmente aquelas de cunho pastoral e liderança diante do povo (ex: Líder de Célula, Supervisor, Coordenador, Dirigente de Louvor, etc.). Quanto ao afastamento ministerial dos familiares mais próximos ao candidato(a), cada caso será avaliado individualmente.

Conclusão

O cristão, enquanto vive como “forasteiro” nesta terra, precisa enquadrar-se nas leis que regem a nação e cumpri-las, como um bom patriota (2 Sm 10:12; Is 66:10; Jr 29:7), o que é bom diante dos homens e agradável a Deus.

Os Deveres Civis – Conjunto de normas reguladoras dos direitos e obrigações de ordem privada atinentes às pessoas, aos bens e às suas relações – se aplicam a todos os cidadãos, independente de sua cor, religião ou condição social. É a Bíblia que nos exorta a sermos bons cidadãos, cumpridores das normas instituídas pelos governos.

É importante ainda, salientar que a igreja possui a responsabilidade de ser sal e luz perante a sociedade (MT 5:13-16). Poderíamos resumir essa responsabilidade em três ministérios essenciais:

1) Ministério Intercessório: Cabe à igreja um ministério de intercessão pelo país, pelos que estão no poder e pelos problemas que fazem o povo sofrer. A Bíblia nos exorta a orar por aqueles que estão revestidos de autoridade, para que governem com justiça (1 Tm 2:1-3).

2) Ministério Profético: Cabe à igreja ser uma voz profética em nossa nação, pelo ensino e pregação das Escrituras e também pela postura ética que reprova todo tipo de imoralidade e injustiça. É razoável e coerente com a Palavra de Deus que a Igreja sempre se posicione contra idéias, ações e leis que contrariem os princípios da Palavra.

Como bem diz o profeta Isaías: Ai daqueles que fazem decretos iníquos e daqueles que escrevem apressadamente sentenças de opressão, para negar a justiça ao fraco e fraudar o direito dos pobres do meu povo, para fazer das viúvas a sua presa e despojar os órfãos (Is 10:1-2).

3) Ministério Sacerdotal: A Igreja existe para servir! Servir a Deus, às pessoas, à sociedade, ao país. Sua principal vocação é dar continuidade a tudo o que Jesus Cristo fez e cumprir a grande tarefa deixada por Ele (Mt 28:18-20), de conduzir um número máximo de pessoas a uma experiência pessoal com Deus. 

Mas sua responsabilidade também é de preparar seus líderes e liderados para um exercício responsável da cidadania, apoiando e capacitando, particularmente, aqueles vocacionados para o exercício da função política. É assim que a Igreja cumprirá o seu papel de influenciar o mundo em que vive com os valores e princípios da Palavra de Deus, pois somente isso poderá mudar a história da nossa nação.

Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança. Salmos 33:12